sexta-feira, 15 de maio de 2009

Celular causa mais problemas no trânsito do que drogas

Pesquisa comprova que ligações e torpedos provocam mais acidentes

Por Lívia Gaspar e Naira Mendes

Celular, carro, torpedo, velocidade, desatenção, tudo isso é sinônimo de imprudência no trânsito. Jovens e adultos, dependentes do telefone móvel, dirigem falando e trocando mensagens. Alguns fazem isso por motivos de trabalho, mas muitos utilizam dessa comunicação para, simplesmente, trocar recados afetivos.

No início deste ano, segundo o site da Abril especialistas da RAC Fundation, que trabalha com segurança dos motoristas, em parceria com o laboratório de Pesquisas do Trânsito (TRL) realizaram uma pesquisa, na Grã-Bretanha, com 17 motoristas com idade entre 18 e 24 anos, os pesquisadores usaram simuladores de direção no trânsito para avaliar o impacto que escrever ou ler torpedos exerce no modo como os motoristas dirigem. O resultado revelou que quem dirige utilizando o celular é muito mais incapacitado do que aquele que bebeu além do limite legal do álcool.

Os pesquisadores revelam que as reações dos motoristas com celular diante dos problemas no trânsito foram 35% mais lentas enquanto dirigiam e escreviam ou liam mensagens. Além disso, a capacidade de controle no volante foi prejudicada em 91% e a habilidade em manter a distância com relação aos outros carros também caiu. O pesquisador Nick Reed constatou que “quando trocam torpedos, os motoristas ficam distraídos ao tentar ler textos pequenos no visor do celular e ao pensar em como escreverão suas mensagens”.

Douglas Longhini Merlo, coordenador geral de Educação da Prefeitura de Lavínia, 40 anos, concorda exatamente com a idéia de Reed. Ele nunca usa o celular quando está dirigindo e vê neste hábito um dos maiores causadores de acidentes no trânsito. Para Merlo, este abuso abrange motoristas de todas as idades, mas o alvo maior são os jovens, devido aos namoros.
O policial militar Marcos Marcello defende a idéia de que dirigir falando no celular deveria ter multa gravíssima, pois a partir do momento que o motorista utiliza o aparelho, ele está arriscando não apenas a sua segurança, mas também de
outros.

O PM diz nunca ter visto, em 20 anos de serviço, tamanha desatenção no trânsito como tem ocorrido hoje decorrente desta prática. Ele assegura que há uma freqüência muito grande de casos de autuação de motoristas dirigindo e falando ao celular. “Motorista responsável não bebe e nem fala ao celular no momento em que está dirigindo, todos deveriam entender que praticar está infração é colocar em risco muitas vidas”, insiste.

O que muitos não acreditam é que o impacto dos torpedos nos motoristas é maior do que o provocado por drogas ou álcool. Um deles é Fernando Tanikawa,18 anos, estudante de farmácia em uma universidade de Araçatuba. Para ele, dirigir alcoolizado é mais perigoso do que se comunicando no celular, pois a bebida estimula os sentidos deixando a pessoa mais à vontade para fazer coisas que jamais faria sã.

Segundo o estudante, o álcool diminui os reflexos. Fernando nunca sofreu nenhum acidente proporcionado pelo uso de celular e, por isso, quando está dirigindo e recebe ligações, ele não vê nenhum motivo que o impeça de atender. Para ele, o uso do celular não atrapalha a sua direção, embora a infração, de natureza média, diga o contrário.

“Sim, uso com freqüência o celular ao dirigir para atender e fazer ligações e, às vezes, enviar torpedos”, assume o estudante de publicidade Márcio Dutra, 22 anos. Assim como ele, 48% dos 3 mil motoristas entrevistados pela TRL assumiram que enviam e recebem torpedos enquanto dirigem.

Márcio conta que já foi multado por este hábito, mas continua repetindo a ação pela necessidade do trabalho, por falta de tempo e porque pode ser perigoso parar o carro na rua dependendo do local e do horário para atender ao telefone. Para ele, dirigir alcoolizado ou falando no celular tem o mesmo perigo, a gravidade vai do alto índice de bebida ingerida ou do assunto que a pessoa está recebendo no celular, pois muitos motoristas transmitem no volante o sentimento que estão passando.

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